Suicídio
TRABALHO QUE FIZ PARA A DISCIPLINA: METODOLOGIA CIENTÍFICA I
Um estudo sobre ideação suicida em estudantes universitários.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo realizar um estudo sobre a ideação suicida em estudantes universitários, por meio de revisão bibliográfica do problema de saúde pública do suicídio e da ideação suicida. Considera-se que os processos de mudança que acontecem na vida dos jovens, com a transição que é feita pela entrada na Universidade que envolve na maioria dos casos a saída da casa dos pais, questões de socialização, emocionais, econômicas e de aceitação de si e do outro, além de pressões internas e externas do contexto acadêmico, questões que o aluno traz consigo de fora da Universidade, e ainda transtornos mentais como, por exemplo, a depressão, podem levar os estudantes à ideação suicida, como um meio de resolver problemas ou acabar com o sofrimento.
Palavras-chave: Suicídio, Universidade, Ideação suicida.
INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) mais de oitocentas mil pessoas morrem devido ao suicídio e muitas outras tentam suicidar-se por ano mundo ano. Em consequência disso, outras milhões de pessoas experienciam o luto do suicídio de seus entes queridos, sendo este a segunda principal causa de morte de pessoas entre 15-29 anos em 2012, logo, o suicídio além de ser considerado uma grande tragédia e trazer intenso sofrimento, é também uma questão primordial de saúde pública.
O suicídio trata-se de uma morte por lesão autoprovocada Shneidman et al (1969). Para Werlang, Borges & Fensterseifer (2006) ele é um fenômeno complexo e também universal, pois afeta todas as culturas, idades de classes sociais, e possui também uma etiologia extremamente variada, que engloba elementos psicológicos, biológicos, sociais, culturais e ambientais. De acordo com Fukumitsu (2013) o suicídio envolve um ato humano irreversível que faz sofrer os sobreviventes, portanto, refletir sobre suicídio é pensar também na morte como formas de punição, libertação, fuga, e muitas vezes, alívio para o sofrimento que tem uma lógica própria.
Atos de suicídio são registrados desde a Antiguidade, sendo que a visão dos mesmos mudou ao longo da história de uma questão de cunho moral, para um problema social com a publicação da obra de Durkheim (1897). Tanto no passado quanto na contemporaneidade o suicídio é visto como um ato no qual na morte não ocorre os ritos de passagem que são aqueles naturais da vida de todas as pessoas e a privação destes, faz com que as pessoas que cometem suicídio sejam julgadas como traidoras por aqueles que sobreviveram, pois considera-se que elas fugiram da vida e extinguiram seu sofrimento por meio da morte. Sabendo que o suicídio não decorre de uma única causa, à vista disso, ele pode ser pensado como um acontecer, a concretização e [..] “finalização de um processo de sofrimento individual e coletivo.” (Fukumitsu, 2013, p.22).
Kovács (2013) afirma que há uma graduação na intencionalidade do ato suicida que envolve: desejo de morrer, ideação constante, comunicação a outras pessoas sobre o ato de suicídio, a tentativa e o ato de suicídio em si. Segundo estudiosos como (Stuart & Laraia, 2002) o comportamento suicida se divide em três categorias: ameaças de suicídio: que são mensagens verbais, ou não verbais que indicam que os suicidas tem a possibilidade de cometer o ato, e a falta de uma resposta positiva das pessoas para quem ele comunica o ato, pode ser interpretada por ele como um encorajamento para tal. A segunda categoria são as tentativas de suicídio, que se tratam de qualquer ação autodirigida e empreendida pela pessoa em si, na qual se não houver interrupção pode levar a morte. A terceira e última categoria é ação em si, que podem acontecer se os sinais de advertência foram desapercebidos ou ignorados, ademais, algumas pessoas que tentam o suicídio podem não intentar matar-se, mas podem acabar por fazê-lo caso não sejam impedidas a tempo.
As estatísticas sobre o ato suicida não são confiáveis uma vez que, os dados oficiais sobre o número de suicídios no mundo são retirados de atestados de óbito, e devido ao grande tabu que o suicídio ainda representa, principalmente entre os familiares onde a carga de sentimentos de culpa e vergonha é muito grande, outro motivo salientado é que muitos suicídios são confundidos com acidentes não sendo atestados como tal.
1.1 Ideação Suicida
A ideação é um dos principais prenúncios do risco de suicídio, sendo utilizada em pesquisas como um processo para estimar um processo suicida. Gonçalves, Freitas & Sequeira (2011). A decisão de cometer suicídio não acontece de maneira rápida e a pessoa que pensa em suicídio pode ocultar o fato das pessoas a sua volta por variadas razões, entre elas, as culturais e morais dificultando o processo também de busca de ajuda, sendo que a trajetória entre a ideação suicida, as tentativas e a concretização da morte oferecem um tempo propício para a intervenção.
Para Gonçalves, Freitas & Sequeira (2011) para que se possa estimar o risco de suicídio é necessária uma avaliação tanto dos fatores de proteção quanto dos de risco, dessa forma para a prevenção do suicídio é necessário atentar-se em reforçar os fatores protetores e reduzir os fatores considerados de risco, tanto nos níveis individuais quanto nos coletivos.
Os fatores que podem levar alguém ao suicídio não podem ser precisados com certeza, assim sendo, alguns podem ser preditos como: o histórico de suicídios na família, transtornos mentais, maus tratos na infância, negligência, perdas recentes, doenças incapacitantes, dinâmica familiar conturbada, solidão, desesperança e fácil acesso a armas letais, Botega et al (2006).
Nos jovens os fatores mais frequentemente citados são: morte de pessoas muito queridas, expectativas muito alta ou baixa dos pais em relação aos filhos, rigidez familiar, excesso de autoridade, dificuldades escolares, separações e divórcios, problemas de relacionamento e conflitos, separações amorosas ou de amigos. Esses fatores podem somar-se a outros como depressão, ansiedade, síndrome do pânico, transtornos alimentares e de personalidade, baixa tolerância à frustração, dificuldade em resolver problemas, isolamento e vícios em drogas, Gonçalves, Freitas & Sequeira (2011).
Botega et al (2006) destacam que alguns fatores demográficos podem também assinalar os grupos com maior risco de cometer o ato suicida como: homens idosos ou na faixa etária dos 15 a 35 anos, muito ricos, ou muito pobres, residentes de áreas urbanas, desempregados, pessoas separadas, solteiras, migrantes e o grupo de maior risco é aquele de pessoas que já tentaram matar-se alguma vez.
Além disso, existem os fatores de proteção essenciais na prevenção do suicídio são eles: bons vínculos afetivos, sensação de estar integrado a um grupo/comunidade, ter filhos pequenos, ser casado, possuir alguma religiosidade, ter uma percepção otimista da vida, sentimento de importância na vida das pessoas, estar empregado, destacando que o sentimento de pertencer a alguma religião, grupo étnico, familiar se mostra bastante importante como uma rede de proteção contra o suicídio.
1.2 Contexto Universitário
De acordo com Gonçalves, Freitas & Sequeira (2011) desde a entrada no ensino superior até a conclusão do curso os estudantes universitários passam por desafios e mudanças, pois, esse momento marca a entrada em um ambiente novo e também no mundo do trabalho, nos quais o estudante tem grande autonomia, mas também diversas responsabilidades. Fatores como a frustração das expectativas com relação ao curso, notas baixas reprovações e exames e também dificuldades financeiras somam com outras questões, principalmente para aqueles que tiveram que sair da casa dos pais e de suas cidades natais para estudar e têm então de viver em repúblicas, pensões, moradias universitárias, podem desencadear sentimentos de incertezas, saudades de casa, solidão, e saudade da família e dos amigos.
Pereira & Cardoso (2015) afirmam que a entrada na Universidade traz para o aluno a abertura de perspectivas e também muitos caminhos com muitas expectivas em relação ao futuro e a escolha profissional, tanto quanto pessoal. Contudo, essa avalanche de mudanças e expectivas pode gerar ansiedade além de outras diversas questões emocionais, e por diversos fatores sejam eles sociais, econômicos e culturais o indivíduo pode não adaptar-se ao contexto universitário de maneira bem sucedida, e isso pode conduzir a fragilização de sua saúde mental.
Essas ocorrências podem levar os estudantes àquilo que é comumente chamado de “distress psicológico”, e pode estar diretamente associado a incidência de suicídio, uma vez que, sua relação com sentimentos de culpa, vergonha, humilhação, solidão e medo que o indivíduo vem enfrentando é frequente, ademais, Pereira (2013) propõe que:
Sendo o período da adolescência presente em alguns alunos que ingressam no ensino superior e podendo ser caracterizado como sendo um período bastante intenso, de enormes emoções, mudanças e conflitos, na busca pela resolução dos seus problemas internos, os jovens podem recorrer, por exemplo, a comportamentos agressivos, impulsivos ou até mesmo suicidas (Barrios, Everett, Simon, & Brener, 2010). Desta forma, o comportamento suicida pode ser considerado como um primeiro passo para um possível suicídio consumado no futuro, quer nos adolescentes como nos jovens adultos (população maioritária no Ensino Superior) (2013, p.2)
Nessa faixa etária, os indivíduos estão estabelecendo seus próprios valores, promovendo uma maior independência de si mesmos em relação aos pais, determinando suas identidades próprias tanto pessoais quanto sexuais. Nem todos os jovens tem maturidade o suficiente para lidar com as novas situações que irão enfrentar na Universidade e as redes de apoio e os vínculos afetivos e familiares, além de uma boa relação com os colegas de sala, podem contribuir para uma boa saúde física e mental. Pereira (2013) cita Chickering e Reisser (1993), que afirmam que nessa fase da vida, são considerados sete fatores de desenvolvimento adequado do jovem adulto:
(1) tornar-se competente; (2) integração das emoções; (3) desenvolver a autonomia e interdependência, assumindo a importância das relações com outras pessoas; (4) desenvolver relações interpessoais maduras; (5) estabelecer identidade, havendo um conforto com o corpo e aparência, bem-estar com o gênero e orientação sexual; (6) definir objetivos de vida; (7) desenvolver a integridade (escolha de valores e congruência entre estes e os comportamentos manifestados). (2013, p.3)
Sendo esses aspectos cruciais para a estabilidade emocional e o desenvolvimento pleno, além do mais, o ambiente competitivo e também as exigências acadêmicas demandam do aluno, bem estar psicológico e certo grau de autonomia, o que na maioria das vezes os estudantes universitários dessa faixa etária não conseguem desenvolver de maneira satisfatória.
Pereira (2013) ressalta ainda, que o comportamento de ideação suicida é comum no adolescente/jovem adulto, já que as emoções, sensações e os momentos são vividos intensamente, eles podem ser característicos dessa fase de desenvolvimento, por vezes, as atitudes consideradas arrogantes que esses jovens transmitem podem demonstrar força, mas, contudo, podem ser um pedido de ajuda e angústia que os mesmos enfrentam. Não obstante, os jovens que adotam comportamentos perigosos podem tornar-se adultos com problemas emocionais e patologias como a depressão e a ideação suicida.
Partindo dos pressupostos acima apresentados, essa pesquisa tem como objetivo geral investigar a bibliografia sobre a ideação de atos suicidas em estudantes universitários de maneira mais aprofundada, atentando-se para o fato de que se tem pouco material sobre o assunto produzido no Brasil, sendo que, os dados apresentados nas pesquisas são de Universidades estrangeiras em sua maioria. Outro aspecto a ser considerado é que essa revisão de literatura visa à produção de material sobre o assunto e uma possível investigação empírica futura na área.
MATERIAIS E MÉTODOS:
O presente trabalho consiste em uma investigação de caráter teórico bibliográfico a qual fundamenta-se em leitura de dissertações, livros, teses e artigos acadêmicos sobre o suicídio e a ideação suicida em estudantes universitários. A verificação, interpretação e discussão dos resultados serão realizadas na tentativa de articular questões que perpassam por demandas sociais, individuais e culturais e de desenvolvimento que afetam a vida dos estudantes universitários no contexto acadêmico.
NÃO POSSUI AINDA RESULTADOS E DISCUSSÃO, POIS ELE SERÁ APLICADO EM MC II.
REFERÊNCIAS:
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